Quem sou eu

Santos, São Paulo, Brazil

sábado, abril 30, 2005

Ilhas



Sabe aqueles dias em que nos sentimos uma ilha...
pois é... acho que descobri minha vocação:
ser um ser-ilha.

"Ilha não é só um pedaço de terra cercado de água por tudo quanto é lado.
Ilha é qualquer coisa que se desprendeu de qualquer continente. Por exemplo: um garoto tímido abandonado pelos amigos no recreio, é uma ilha.

Um velho que esperou a visita dos netos no Natal e não apareceu ninguém, é uma ilha. Até um cara assoviando leve, bem humorado, numa rua cheia de trânsito e stress, é uma ilha.

Tudo na gente que não morreu, cercado por tudo o que mataram, é uma ilha. Toda ilha é verde.
Uma folha caindo é ilha cercada de vento por tudo quanto é lado. Até a lágrima é ilha, deslizando no oceano da cara."
Oswaldo Montenegro

quinta-feira, abril 07, 2005

Amor perfeito



O único amor perfeito que conheço tem pétalas e vive cercado de abelhas na primavera. Muitos poderão dizer que pareço pessimista, desencantada.
Alguns chegarão ao extremo de me chamar de desesperançada.

O que muita gente não percebe é que imperfeição não significa necessariamente algo ruim.A verdade é que é impossível agradar a tudo e a todos, impossível cumprir à risca a visão pessoal de cada um sobre o mundo.

No mais básico, existem pessoas que gostam de chuva e outras que gostam de sol. Uns gostam de calor, e outros de frio. Adoro goiaba, ele não pode sentir nem o cheiro.

E ao amar alguém, essas diferenças não somem de um dia para o outro. Engraçado notar que certas pessoas têm discussões enormes com seus amores por causa disso, quebram objetos, arranham cd's, partem mesmo para a apelação pura e simples, e novamente isso demonstra a grande variedade de pessoas que existem nesse planeta: uns acham isso estimulante, outros uma enorme decepção.

Eu mesma, confidencio, não poderia ficar com uma pessoa que concordasse comigo em tudo. Se até discordo de mim mesma, o que dizer das pessoas que escolho (ou me escolhem) para conviver comigo?

Eu não chego ao ponto de quebrar as coisas, gritos de vez enquando, não me levem a mal. Também gosto de uma boa conversa, de ver os infinitos lados de toda boa e velha moeda.

E se não existe amor perfeito além da flor, aquela lá de cima, eu aceito isso muito bem. Podemos até discordar de tudo, desde que concordemos na coisa mais importante: que amamos um do outro.

quarta-feira, abril 06, 2005

o vôo


(...) Esgota, como um pássaro,
As canções que tens na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão
De festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
Que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste
Não és mais que um vôo no tempo.
Rumo ao céu?
Que importa a rota?
Voa e canta
Enquanto resistirem tuas asas.
Menotti del Picchia

Parei para olhar a chuva. Raios e trovões. Raios, não caibo mais dentro do armário, onde eu escondia meus medos – eles agora andam pela casa, crônicos e verbalizados. Tem dias que eles me fazem duvidar da força das pernas e da leveza das asas.

São eles, atrevidos e sarcásticos, que me fazem dever uma vela pra cada santo e desconfiar de todos os santos – mas é só em alguns dias – quando eu acordo querendo voltar pra cama.

Tem dias que simplesmente não vivo sem eles, esses medos disfarçados de ansiedade.
E nem é porque chove canivete, nem porque já é abril, não me engano.

Nesses dias, faço voto de silêncio e sustento um olhar arredio pra não distrair a esperança ou banalizar o sonho.

Nesses dias, só nesses, preciso aprender a soltar o pássaro preso na garganta pra que seu meu canto adormeça minhas feras.

Em tempo...
Eu, beija-flor dessa luz que se abre feito flôr a cada dia...
Eu, dobradura irriquieta de um papel escrito por mãos divinas...
Eu, origami das canções da vida, que voa por entre as flôres que a vida plantou para mim...

domingo, abril 03, 2005

Intitulável


Não fala isso...
Não fala isso ainda, pensa um pouco...
Não desta forma.
Não aqui e agora,
Não deste jeito, cheio de mágoa.

Ainda não é a hora certa, espera!

Ontem eu quis te falar, também tremi!
E aí quase te falei, acovardei...
E eu acho que no fundo eu falei, sem falar, com o olhar talvez...
Mas talvez tu não tenhas notado.
Ou talvez, a gente nem esteja mais falando das mesmas coisas.

Não creio, eu sei que estamos falando exatamente da mesma coisa.

Simplesmente porque sou eu, e és tu.
Porque a verdade é que sempre conseguimos ler e ter um ao outro.
Então lê e crê.
Entendes que eu te digo escrevendo.